quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Capítulo III


Há loucura nas estações, como também há loucura dentro da gente. Imaginem só que as vezes eu não tenho nenhum desejar, não apresento nesses dias vontade nenhuma e estou fria!
Inapetente! Com as coxas mortas, desanimadas. No que seria lógico, nem mesmo vocação para as orações! Não quero saber nem de rezar. É que nessas horas tenho a energia dos quiabos. E o diabo, parece ter ido passear bem longe e se esquecido de mim, da sua prima tão próxima, tão companheira, tão sacerdócia, minha vocação, para fazer tudo! Absolutamente tudo que o Deus das salas de gesso nos disse! Não sei por quem... Ele, disse pra não fazer!

E aí... me assalta um vento quente, feito os pestilentos praguejados de rezadeiras, que fecham as portas e as dormideiras no canto do quintal, e toda vegetação adormece por um segundo, _ são Deus e o diabo, juntinhos criando mundos tão dentro, bem dentro da minha buceta, meu sopro vadio, minh’alma careta, lambreta,James Dean, lambretando punhetas, no alto de minhas nádegas rosadas. São pêssegos pra você!...
É assim!

***

Engraçado! Eu não sei se sou uma grandessíssima covarde ou se sou artista; despisto minhas vontades dessas vistas, dessas pistas de palavras ganhadoras, ganhando sempre de mim, para domar o bandido das minhas emoções, enjaula-las em cavernas, em sapatos sociais, às vontades decimais, sem tanta pressa. Quem sabe até querendo dormir, para não acordar nem mais. Tão cedo!

Será que eu cedo as minhas vontades, permitindo-as palavras?

Não sei nem se eu quero respostas hoje a noite, porque não estou prurida para açoites! Hoje não aceitaria chicotes, como uma orquestra de fagotes, “vulto convulso” desse teu olhar, sem dotes que te possam alcançar nessa hora.
– Vou embora!
É melhor me ir! Pra não sofrer ninguém!
“Na nossa farmácia com PH, não tem nenhum anestésico!”

***
E isso é intuitivo, por uma série de soldados coroados espanhóis, que eu pus guardando os caracóis dos meus cabelos, quase brancos, de tanta constipação cerebral! Eu não fui careta, tive buceta, posso ser má e gritar nos seus olhos pedindo! – Que me obedeça! Que se deite no chão! Se desnude e me aqueça e me chupe toda, que me lamba os pés!...

Deixo-te todo, ir-se embora! A cama vazia, a racha vadia, esquentando-se com saudades de você!
Do seu presente que se infla tão contente quando me enxergar a perfumosa flor entre as pernas!
“Eu tenho febre! E não posso dormir!”