
O artista empresta sua sensibilidade para que outros seres ganhem voz, corpo, forma, desejo e paixão. Um almanaque de paixões, de desejos, de formas, de corpos e de vozes – essa é a sua obra. A matéria-prima de sua arte é o si-mesmo. Talvez por essa razão, todo artista sinta ser algo no intermezzo de si e do outro, ou, como explicita Mário de Sá-Carneiro, “Eu não sou eu nem sou o outro, / Sou qualquer coisa de intermédio”.
O exercício da alteridade é o modus operandi de todo aquele que se dedica a recriar o mundo a partir de seu olhar estético, de sua estesia. E nos diários de Malvina Alvarez, Marcelo Tosta – poeta, autor, ator, diretor ou, em resumo, Artista – empreende, compreende e apreende a essência desse exercício. Extrai de seu desejo a magnitude de um outro desejo, feminino, lascivo, transatlântico.
Malvina Alvarez, em cuja boca a palavra boceta – na sua acepção chula – alcança uma poesia insuperável, narra-nos com riqueza de detalhes as nuances de um desejo proibido. Malvina, lusitana como os acordes de um fado, convida-nos ao gozo. Acompanhemo-la?
Teofilo Tostes Daniel
autor dos blogs
e do livro
Poemas para serem encenados.
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